YOGA SUTRA DE PATANJALI – PARTE 1 – INTRODUÇÃO

Pronam! 

Inicio hoje uma série de posts sobre a obra Yoga Sutra de Patanjali – à luz do Vedanta – um livro brilhante com mais de 2600 anos e cheio de significados incríveis, que fascinam estudantes de Yoga em todos os tempos. 

Fui apresentada oficialmente ao Yoga Sutra em 2005, após alguns anos de práticas, mas de maneira muito confusa, como infelizmente acontece com frequência nos cursos de Yoga. Alguns comentários sobre o Yoga Sutra consideram que ele deve ser utilizado por todas as linhas de Yoga, e é aí que nasce uma grande confusão, que pretendo esclarecer nesta série de textos!

Considerado o texto sagrado mais importante para os Raja Yogis, Yoga Sutra foi escrito por Patanjali,  um grande yogi e filósofo indiano do século VI a.C. Yoga Sutra é a base de uma das seis escolas clássicas da filosofia indiana e o seu assunto é Raja Yoga.
Patanjali vem nos ensionar como podemos entender a nossa mente e poder gerenciá-la. Nos apresenta uma vida de Yoga e métodos para podermos alcançar um domínio sobre a nossa mente. A mente é um instrumento para o reconhecimento do Eu, e conduzindo a mente, alcançamos o objetivo que é a permanência em nossa própria natureza, o Eu livre de limitações. Patanjali apresenta no segundo capítulo, o Ashtanga Yoga que são como oito pétalas de uma mesma flor e que lapidam o praticante, o impulsionando em direção à libertação do ciclo de samsara (o ciclo de nascimento e morte no plano físico).
A grafia original do Yoga Sutra é o devanagari da língua sânscrita, que é linda e divina e ele é composto de 196 sutras.
Sutra vem da raiz sanscrita ‘sutram’ que significa ‘fio’, ou ‘aforismo’. O fio ‘sutra’ une ideias como contas de um colar.  A continuidade da ideia une aspectos essenciais de um tema. Sutras utilizam palavras curtas sem perder o significado e sem deixar dúvidas. O texto deve ser claro, correto e com som agradável.

Em um primeiro momento, o estudante se assusta com a forma como Yoga Sutra é escrito. Parece um resumo, com lembretes a cada sutra. Por isso é importante que comentários sejam feitos após muita prática de meditação. Essencial também é o papel do professor. Na tradição dos Vedas damos importância ao conhecimento de um mestre ou professor que dedicou sua vida àquele estudo. Somente ouvindo os ensinamentos do mestre, é que podemos assimilar totalmente o conhecimento. Somente com a leitura dos textos sagrados, isso não é possível. Essa é a tradição vedica.

As quatro partes do Yoga Sutra 

Yoga Sutra é dividido em quatro capítulos:

1. Samadhi Pada “a contemplação” ou Sadhya Pada “o objetivo”;
2. Sadhana Pada; “o caminho”
3. Vibhuti Pada; “os poderes”
4. kaivalya Pada. “a liberação”

Em resumo, a primeira seção se refere à  definição, técnicas e o objetivo do Yoga. Analisando os sutras, encontramos alguns objetivos do Yoga, e não apenas um. São eles:

1. samadhi, o oitavo membro do Ashtanga Yoga de Patanjali, que pode ser traduzido como ‘a contemplação’.  Dentre todas as técnicas, samadhi é a mais essencial, por isso ocupa este destaque inicial na obra. (sutra 1.43)
2. permanecer na natureza real, no Eu interior. (sutra 1.3) (este é o mukhya sadhya, o objetivo principal)
3. a aquietação da mente (sutra 1.47)
4. clareza de conhecimento, libertação da ignorância e de todo sofrimento. (sutra 1.51)

A segunda seção tem por objetivo nos dizer como deve ser a vida de um praticante de Yoga, quais são as qualificações para ser considerado como tal e quais práticas ele deve incorporar em sua vida. Nos ensina sobre os kleshas e nos apresenta o Ashtanga Yoga.

A terceira seção trata das últimas três pétalas do Ashtanga Yoga, que são em conjunto chamados de samyama e dos siddhis, poderes adquiridos por praticantes dedicados.

A ultima seção trata de pontos filosóficos importantes ao praticante de Yoga.

Abordarei nesta série de textos, os pontos fundamentais da sagrada obra reverenciada pelos yogis: um presente que agradecemos com todo amor aos mestres que se dedicaram a preservação e divulgação desta preciosidade.


Hari Om
Om Tat Sat

Ju Campesi

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