Namaste pessoal!
Uma questão que surge no Ocidente, nos tempos atuais é algo que na mente dos indianos não faz muito sentido: será que é possível ser uma professora de Yoga, sem ser uma yogini?
Yoga é uma antiga ciência espiritual que nos leva ao entendimento da nossa verdadeira natureza – o EU livre de limitação – e para que isso seja alcançado é necessário então, um estilo de vida que possibilite com que o praticante realize seu sadhana, além de uma atitude de viver a vida com atenção em si mesmo, para entender suas reações, seus gostos, escolhas… O objetivo é que se alcance um controle da mente, para que se possa gerenciá-la da melhor forma, com atenção aos pensamentos que surgem, podendo então criar uma distância desse pensamento (às vezes de apenas algumas respirações) e então, poder agir de maneira mais sensata.
Ser uma yogini é ter uma vida de Yoga. É basicamente ter um sadhana, uma linha de pensamento a seguir, um professor/guru para o guiar, estudar os shastras, ter atenção na própria mente, seguindo princípios básicos. Isso tudo é parte do seu viver, e não algo que acontece esporadicamente.
Tendo esse entendimento, fica muito claro ser impossível ‘fazer Yoga’ em alguns momentos ou então ser uma ‘professora de Yoga’, sem que se tenha uma vida de Yoga.
Aqueles que frequentam escolas de Yoga ou Vedanta, ou mesmo aqueles que dão aulas de Yoga ou Vedanta, e não possuem uma vida de Yoga, estão tendo algum benefício, pois estão aos poucos entrando em contato com uma realidade diferente da que eles vivem no dia-a-dia. Mas para que se tornem yogis, uma grande modificação deve acontecer nas suas vidas.
Para que isso aconteça, alguns questionamentos mais profundos devem surgir na mente da pessoa: afinal, quem sou eu? Qual o objetivo dessa vida? Eu mudo o tempo todo, será que existe um ‘eu’ que não muda?
Esse questionamento deve surgir naturalmente, pois junto com ele, vem a força de vontade que fará com que essa pessoa busque então um conhecimento sobre essa grande dúvida e sofrimento humano.
É nesse momento que se inicia a busca do buscador. E aí, uma vida de Yoga, se inicia.
No pensamento indiano isso tudo é muito claro. Mas no Ocidente, existe a ideia de que se pode trabalhar com Yoga, sem ter uma vida de Yoga. Algo como: ‘Ah, eu dou aulas de Yoga duas vezes por semana, mas não possuo a minha prática, não me preocupo com os meus pensamentos, ou com aquilo que me alimenta… eu vivo uma vida comum e sem ter por objetivo moksha, e também dou aulas de Yoga.’
Isso é algo que infelizmente acontece no Ocidente. Yoga se tornou algo tão banal e tão superficial no Ocidente, que realmente é possível que isso aconteça. Na maioria das vezes é conhecido como uma prática física apenas, sem profundidade. E desta forma, torna-se possível trabalhar com técnicas de Yoga, sem ser um yogi ou uma yogini.
Como Yoga é algo muito vasto, não vejo problema em trabalhar com algumas técnicas de Yoga. Mas o mais sensato seria que essa professora não se intitulasse um yogini, mas sim uma terapeuta holística, que utiliza técnicas de Yoga.
Swami Nirmalatmananda do Ramakrishna Vedanta do Brasil. diz que falta profundidade nos praticantes de Yoga do Brasil. A maioria não tem uma vida de Yoga, mas apenas um título ‘professor de Yoga’ ou de ‘aluno de Yoga’ e uma máscara que ele veste para chamar atenção, para ser diferente da maioria.
Então, se você quer ser um yogi ou uma yogini, busque um professor, um guru que possa te guiar, para que então, você tenha um sadhana diário, uma modificação na sua vida, nos seus hábitos, e na forma de pensar.
E dar aulas de Yoga será simplesmente um fluir daquilo que você vive, e nascerá da vontade de compartilhar com o outro aquilo que te faz tão bem!
Alguns então, terão o dom da fala e de ensinar, e outros, não. Mas, o mais importante é que em primeiro lugar a pessoa busque o conhecimento de si mesmo e desta forma aumente sua frequência vibratória. Assim, todos ao seu redor se beneficiarão.
Esse texto foi escrito principalmente para minhas alunas.
Om.Tat.Sat.
Juli Campesi.